sábado, 14 de dezembro de 2013

A lua adormece um grilo na janela

Enquanto o passado vai descansando pelo caminho, sei que a lua adormece um grilo na janela.
Silencio minhas mãos, pois minha mente desenha de olhos fechados, rabiscando teu rosto de minguante.
Eu encolho os joelhos para anoitecer.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Rios

Rasgo a noite para adentrar em teus dias.
Molho teu corpo com o meu, inundo suas mãos, suas coxas, sua boca da minha sagrada bebida.
Chamo-te puta, puta, puta, puta em minha mente. Peço com carinho que me guarde em seu ventre, me acolha em seu útero selvagem.
Nado em seu rio para achar as margens seguras e lá habito, você habita, e juntas acendemos a manhã.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Se havia algo que...e outros textos incompletos [parte 3]

Achei pela manhã no baú dos meus rascunhos a carta que nunca vou enviar. Também esta carta será que a nunca vou terminar. Mas espero que um dia acabe em mim.  Assim dizia:
Estou escrevendo uma carta a você que nunca vou enviar. Nunca vou enviá-la porque você não me permite. Então escrevo nesta carta tudo o que o foi pra mim, ser o que nós não fomos, estar onde não estivemos. Esta carta será o cuspe de todas as especulações que fiz a seu respeito, mera especulações, dado que te conhecer também não me foi permitido. Creio que nessas palavras também há algo de violento, algo de impulsivo e ressentido, mas neste caso, permanecerão aqui, porque desta vez, sou eu quem não permite que isto ocorra.

Se havia algo que...e outros textos incompletos [parte 2]

Ontem ouvi dos seus olhos que sentia saudade de raspar os dedos nas páginas amarelas de um livro. Sei que lembrou-se do nome e data que marcam o início seu e de outras pessoas naquela página desnuda. Sinto vontade de chorar sempre que me conta isto. Aquele espaço de solidão macia que você ocupa ao raspar os dedos nas folhas amarelas. Disse-me ainda:


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Se havia algo que...E outros textos incompletos.

Diante da claridade de tua pele e olhos, sentia certa inquietação; diante de outra pele e olhos, já não tão claros, mas igualmente brilhantes, também sentia o espírito inquieto. De ambas inquietações, concluí: a ferrugem da ansiedade corroendo peito adentro. Por um lado, a espera, por outro, o mesmo. No entanto, a claridade me inquietara de modo ruim:  Eu esperava, ao decorrer de minhas ações, controlar aquele brilho até que nem mais o visse. E de certa modo, o que mais cultivava em mim, naquela ocasião, era a paciência. A paciência de ver crescer, como uma planta de asfalto, aquilo que inquietava meu espírito - desta vez, de modo bom. Mas, a planta de asfalto, diferente das outras, cuidadas em vasos, só tem olhos para o acaso, só vive pelo acaso. E esta paciência, de observar e não fazer nada, foi, certamente, uma das mais duras e benevolentes artimanhas que tive de aprender.



- Aisha Lagid

sábado, 9 de fevereiro de 2013

untitled 2


O que eu queria dizer era isto: que você estava radiante; era noite, no entanto parecia que o sol brilhava sobre um campo de capim dourado. Porque esta era sua pele aos meus olhos. Dos seus, o que há de se dizer? Se não que, o mar noturno existia profundamente sereno em seu rosto.
Nunca soube o que fazer com estas imagens por dentro das pálpebras, nada além de banhá-las com água salgada.

- Aisha Lagid

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

untitled 1

The space around her moving, I perceived to be filled with sparks. It was like music, because sound was waving in time, but was more like light absence in time; I mean, it was a glimpse of a explosion that happened inside her. Nevertheless, she was dancing as leaf in the ar without effortless.


- Aisha Lagid

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

tough farewell

Was at age ten when Stuart Meadow said for the first time that he wanted to be a scientist. And he explained: when I look to the coloured insects, too close enough to touch, it brings me tears in my eyes. So, I think science would help me to find out what the insects spit on them.


- Meg Conolly [ A Tough Farewell ]