domingo, 11 de janeiro de 2015

Eu faria todas as coisas possíveis por você.

Quando ela beijou minha boca, meus lábios já estavam molhados, bastou passar a mão de leve sobre o zípper do short para um movimento ligeiro e repentino gritar em nossas mentes: estou pronta! ela está pronta!
Tiramos toda a roupa antes de beijarmos qualquer outro parte que não fosse a boca, eu gostava assim, os corpos nus, suados de calor e tesão escorregando um contra o outro e depois mais e mais beijos, mãos percorrendo um longo caminho e achando abrigo em pequenas partes ao apertá-las com força. Eu, que estava por baixo, levantava o corpo toda vez que ela marcava os dedos na minha cintura, nos meus quadris, em minha bunda (especialmente a nádega esquerda), nos meus seios, como se um fio que saísse dela tivesse me perfurado e me puxasse sempre ao seu encontro.
Então eu abri as pernas, sutilmente arqueadas, e ela desceu, beijando-me os seios, a barriga, até atingir as coxas para lambe-las  e mordisca-las com fraqueza, quase indecisão, e mais uma vez ela subiu e desceu, sempre deixando parecer acidente o roçar do mamilo em meu clítoris, para que finalmente ela descesse e ficasse por lá. Ela sempre mergulhava o rosto na minha vulva encharcada com paz e elegância típicos de um salto de uma rocha antiga em uma mar claro e deserto, ela sempre beijava com delicadeza, lambia com delicadeza, e eu não dizia palavra alguma, pensava amor, pensava amo você, amo tudo o que a gente faz, mas não dizia nada. Eu queria gritar me come, amor, me come do jeito que você quiser porque você sabe, você me conhece, mas naquele momento eu não tinha capacidade de falar, apenas mordia os lábios e só era possível ouvir da minha voz um baixo e engasgado ruído. Muito próximo de explodir eu já imaginava que ela sairia da caverna e roçaria as bochechas em minha barriga, como um gato a ronronar. E imaginava desejosa que ela, após um breve descanso, se sentaria em mim, pouco acima dos pelos pubianos, esperando que eu levantasse mais as pernas a ponto de tornarem montanhas que escorassem suas costas, e eu o faria, certamente. Eu faria todas as coisas possíveis para vê-la estremecer, para que ela sorrisse e me presenteasse com seu perfume derramado sobre qualquer parte de mim, qualquer parte que ela escolhesse o fazer. Eu pensei todas estas coisas e antes mesmo de terminar o pensamento seguinte, explodiu. 

sábado, 14 de dezembro de 2013

A lua adormece um grilo na janela

Enquanto o passado vai descansando pelo caminho, sei que a lua adormece um grilo na janela.
Silencio minhas mãos, pois minha mente desenha de olhos fechados, rabiscando teu rosto de minguante.
Eu encolho os joelhos para anoitecer.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Rios

Rasgo a noite para adentrar em teus dias.
Molho teu corpo com o meu, inundo suas mãos, suas coxas, sua boca da minha sagrada bebida.
Chamo-te puta, puta, puta, puta em minha mente. Peço com carinho que me guarde em seu ventre, me acolha em seu útero selvagem.
Nado em seu rio para achar as margens seguras e lá habito, você habita, e juntas acendemos a manhã.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Se havia algo que...e outros textos incompletos [parte 3]

Achei pela manhã no baú dos meus rascunhos a carta que nunca vou enviar. Também esta carta será que a nunca vou terminar. Mas espero que um dia acabe em mim.  Assim dizia:
Estou escrevendo uma carta a você que nunca vou enviar. Nunca vou enviá-la porque você não me permite. Então escrevo nesta carta tudo o que o foi pra mim, ser o que nós não fomos, estar onde não estivemos. Esta carta será o cuspe de todas as especulações que fiz a seu respeito, mera especulações, dado que te conhecer também não me foi permitido. Creio que nessas palavras também há algo de violento, algo de impulsivo e ressentido, mas neste caso, permanecerão aqui, porque desta vez, sou eu quem não permite que isto ocorra.

Se havia algo que...e outros textos incompletos [parte 2]

Ontem ouvi dos seus olhos que sentia saudade de raspar os dedos nas páginas amarelas de um livro. Sei que lembrou-se do nome e data que marcam o início seu e de outras pessoas naquela página desnuda. Sinto vontade de chorar sempre que me conta isto. Aquele espaço de solidão macia que você ocupa ao raspar os dedos nas folhas amarelas. Disse-me ainda:


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Se havia algo que...E outros textos incompletos.

Diante da claridade de tua pele e olhos, sentia certa inquietação; diante de outra pele e olhos, já não tão claros, mas igualmente brilhantes, também sentia o espírito inquieto. De ambas inquietações, concluí: a ferrugem da ansiedade corroendo peito adentro. Por um lado, a espera, por outro, o mesmo. No entanto, a claridade me inquietara de modo ruim:  Eu esperava, ao decorrer de minhas ações, controlar aquele brilho até que nem mais o visse. E de certa modo, o que mais cultivava em mim, naquela ocasião, era a paciência. A paciência de ver crescer, como uma planta de asfalto, aquilo que inquietava meu espírito - desta vez, de modo bom. Mas, a planta de asfalto, diferente das outras, cuidadas em vasos, só tem olhos para o acaso, só vive pelo acaso. E esta paciência, de observar e não fazer nada, foi, certamente, uma das mais duras e benevolentes artimanhas que tive de aprender.



- Aisha Lagid

sábado, 9 de fevereiro de 2013

untitled 2


O que eu queria dizer era isto: que você estava radiante; era noite, no entanto parecia que o sol brilhava sobre um campo de capim dourado. Porque esta era sua pele aos meus olhos. Dos seus, o que há de se dizer? Se não que, o mar noturno existia profundamente sereno em seu rosto.
Nunca soube o que fazer com estas imagens por dentro das pálpebras, nada além de banhá-las com água salgada.

- Aisha Lagid